Pontos chave:
1. O desenvolvimento cerebral dos bebês do sexo masculino é mais vulnerável e mais lento do que o das meninas.
2. As primeiras experiências afetam muito os bebês do sexo masculino, impactando na regulação do estresse e resiliência.
3. A falta de resposta e ambientes estressantes têm efeitos negativos no autocontrole e socialização nos bebês do sexo masculino.
4. É fundamental tratar todos os bebês com sensibilidade e afeto para um desenvolvimento socioafetivo saudável.
Como sabemos agora, os cérebros dos bebês são muito vulneráveis, especialmente durante os primeiros meses de vida.
Ao contrário do que se pensava, cada ação que realizamos como pais tem um grande impacto – positivo ou negativo – sobre nossos filhos. Já tem algum tempo que identificamos uma hipótese incorreta sobre o desenvolvimento dos bebês, e isso explica por que educamos os bebês do sexo masculino de maneira diferente. As diferentes culturas e religiões também influenciaram a forma como educamos nossos filhos. Nós elaboramos ideias sobre como deveríamos tratar a educação dos nossos filhos, e temos sido mais duros com os meninos, pois pensamos que o carinho ou a atenção podem deixá-los mimados. No entanto, a verdade é que todos os bebês, inclusive os meninos, precisam de atenção e afeto para crescer e se desenvolver de forma saudável.
Dr. Allan N. Schore, um cientista clínico da UCLA especializado em apego e no desenvolvimento do cérebro, pesquisou o desenvolvimento neurobiológico e neuroendócrino de bebês do sexo masculino. Schore (2017) explica por que os bebês do sexo masculino ficam mais vulneráveis do que os do sexo feminino quando se deparam com ambientes estressantes ou com pais que não são atenciosos e carinhosos. Segundo ele, os cérebros dos meninos amadurecem mais lentamente em quase todas as áreas, incluindo áreas sociais, físicas e linguísticas. Além disso, os circuitos de seus cérebros que regulam o estresse amadurecem mais lentamente e possuem menos mecanismos integrados para promover a resiliência contra o estresse. Essas são algumas das razões pelas quais as experiências da primeira infância influenciam mais os meninos do que as meninas.
Além disso, estudos mostraram que os bebês do sexo masculino são mais vulneráveis à falta de atenção, ao estresse pré-natal e à separação da mãe logo após o seu nascimento. Essas situações estressantes afetam negativamente as áreas do cérebro relacionadas ao autocontrole e à socialização. Outro ponto destacado foi que os bebês do sexo masculino demonstram uma reação maior a estímulos negativos, e apresentam níveis mais altos de cortisol ao nascer. Schore menciona outro estudo que mostra que os bebês do sexo feminino conseguem regular seus estados afetivos melhor que os do sexo masculino. Isso significa que os bebês do sexo masculino podem ser ainda mais afetados por um ambiente estressante e ou um cuidado indiferente (sensibilidade ou resposta materna menor que a ideal).
Podemos concluir que, como os cérebros dos meninos amadurecem mais lentamente do que os das meninas, eles são muito mais vulneráveis a distúrbios do desenvolvimento, como o autismo e o TDAH. Isso não significa que não devamos nos preocupar com as meninas, já que todos os bebês precisam de carinho e cuidado responsivo – pelo contrário: este é um chamado para tratarmos todos os bebês com sensibilidade e afeto, já que isso pode promover a saúde do desenvolvimento socioafetivo dos bebês.