Pontos chave:
1. A aprendizagem da linguagem começa no útero, afetando a percepção de sons e idiomas pelos bebês.
2. Os recém-nascidos reconhecem e preferem vozes e ritmos que ouviram durante o último trimestre, especialmente os sons de suas mães.
3. A pesquisa desafia a ideia de que os bebês começam a aprender unidades linguísticas apenas aos seis meses; na verdade, eles começam a distinguir sons muito antes.
4. As interações diárias entre pais e filhos, como falar, cantar e ler em voz alta, apoiam naturalmente o desenvolvimento cerebral do bebê.
Uma pesquisa descobriu novas evidências sobre o processo de aprendizagem de idiomas em bebês. Um estudo analisou bebês que foram adotados logo após o nascimento e que cresceram ouvindo uma linguagem diferente do que a que ouviram de suas mães enquanto estiveram no útero. Os pesquisadores conseguiram perceber como o que os bebês ouvem antes e depois do nascimento afeta a maneira como eles percebem os sons. E então, como ocorre o aprendizado de um idioma?
“Os pesquisadores já sabiam, há algum tempo, que os recém-nascidos preferem ouvir as vozes da mesma língua que eles ouviram no útero”, diz Anne Cutler, psicóloga e professora do Marcs Institute. Os recém-nascidos podem reconhecer a mesma voz ouvida durante a gravidez desde o último trimestre no útero, especialmente os sons da mãe, e preferem ouvir vozes conhecidas a ouvir a voz de um estranho. Eles também têm uma preferência por línguas com ritmos semelhantes aos sons do útero. Os recém-nascidos indicaram essa preferência ao fazerem uso de chupetas por mais tempo quando ouviam a voz de uma pessoa ao invés de outra, ou um idioma ao invés de outro.
A Dra. Cutler afirma que as pesquisas costumavam apontar que os bebês realmente não aprendiam nenhuma unidade de linguagem – as menores unidades de sons que compõem palavras e idiomas até os seis meses de vida. No entanto, novas pesquisas incluem estudos recentes que desafiam essa noção.
Em 2010, a Dra. Patricia Kuhl ministrou uma palestra no TED sobre esse assunto. Ela fez experimentos com crianças muito jovens, que foram capazes de distinguir os diferentes sons usados em todas as línguas do mundo. No entanto, durante a segunda metade do primeiro ano, os bebês se acostumaram com suas próprias línguas, e perderam a capacidade de distinguir os sons que não estavam ouvindo. No entanto, no estudo mais recente, os estudantes de doutorado do Instituto Max Planck de Psicolinguística, na Holanda, analisaram adultos que falavam holandês, alguns dos quais haviam sido adotados da Coreia, mas nenhum deles falava coreano. Os pesquisadores descobriram que as pessoas nascidas na Coreia e adotadas quando bebês por famílias holandesas foram capazes de aprender a fazer sons coreanos de uma forma significativamente melhor do que o grupo de participantes que nasceram em famílias holandesas. Alguns desses bebês foram adotados com menos de 6 meses de idade, e esse efeito ainda era evidente. Assim, a língua ouvida antes do nascimento e nos primeiros meses de vida afetou a percepção e a produção de sons dos bebês, embora a mudança no ambiente de linguagem tenha ocorrido antes que as crianças começassem a produzir sons.
“A capacidade de generalizar e tirar conclusões abstratas através dos dados é a qualidade mais importante da mente humana”, menciona a Dra. Cutler – “isto é o que nos torna humanos.” Podemos ajudar no desenvolvimento do cérebro infantil naturalmente, com os ritmos familiares das interações entre pais e filhos, conversando, cantando e lendo em voz alta.
Então, qual é a mensagem para os pais? Não fique muito obcecado em preparar seu bebê para a linguagem, apenas faça essas coisas que são realmente simples e naturais. Converse com seu bebê. Ele está adquirindo conhecimentos úteis sobre a linguagem antes mesmo de falar.
Fonte: Language Lessons Start in the Womb