Pontos chave:
1. Os prodígios se concentram em consumir conhecimento em vez de criar novas ideias.
2. Crianças criativas frequentemente guardam suas ideias originais para si mesmas.
3. Os pais incentivam a criatividade ao enfatizar valores morais e limitar regras.
4. A criatividade prospera com amplo acesso ao conhecimento e experiências precoces agradáveis.
É o sonho de qualquer pai ou mãe que o filho aprenda a ler aos 2 anos, a tocar piano aos 4, a aprender matemática aos 6, e a falar dois idiomas fluentemente aos 8 anos. Todos os pais e colegas teriam inveja de uma criança tão talentosa.
Entretanto, as crianças prodígio não necessariamente se tornarão gênios que irão revolucionar o mundo. Nós assumimos que isso acontece porque elas não têm habilidades socioafetivas e, portanto, não podem ser tão bem-sucedidas. No entanto, evidências sugerem o contrário – na verdade, menos de 25% das crianças prodígio sofrem de algum problema relacionado à área socioafetiva. A maioria delas tem vida normal. Então, o que as impede?
Elas não aprendem a ser originais. A maioria dessas crianças está constantemente buscando a aprovação de seus pais e a admiração de seus professores. Elas crescem e se apresentam em concertos de prestígio, mas ainda falta alguma coisa. O que acontece é que a prática aperfeiçoa, mas não traz nada novo.
Essas crianças aprendem a tocar Mozart e Bach, mas raramente compõem suas próprias músicas. Sua energia está tão concentrada em consumir o conhecimento existente, que não produzem novas ideias. Estudos indicam que as crianças mais criativas são as menos propensas a se tornarem as favoritas dos professores – por isso, é comum que elas guardem suas ideias para si.
Ao crescerem, muitas dessas crianças prodígio se tornam especialistas em suas áreas e líderes em suas organizações, mas apenas algumas delas se tornam criadores revolucionários – diz a psicóloga Ellen Winner.
Então, o que torna uma criança criativa? Um estudo comparou as famílias de crianças que foram classificadas entre as 5% mais criativas de suas escolas com aquelas que não eram tão criativas. Os pais das crianças “comuns” tinham, em média, 6 regras da casa, além de uma programação específica com horários para o dever de casa e para dormir. Os pais das crianças mais criativas tinham 1 regra ou menos em casa.
A criatividade é difícil de cultivar, mas fácil de ser inibida. Ao limitar as regras, os pais inspiram os filhos a pensar por si mesmos. “Eles tendem a se concentrar mais em valores morais do que em regras específicas”, diz Teresa Apabílela, psicóloga de Harvard.
Quando Teresa comparou os arquitetos mais criativos da América com um grupo de colegas com muita competência, mas pouca originalidade, percebeu algo único sobre os arquitetos mais criativos: seus pais enfatizaram o desenvolvimento de um código de ética individual. Isso não significa que seus pais não tenham incentivado a busca da excelência e do sucesso, mas que também os encorajaram a encontrar alegria no trabalho. Seus filhos tiveram liberdade para descobrir seus próprios interesses e escolher seus próprios valores. Isso os preparou para florescer como adultos criativos.
Outro estudo, conduzido pelo psicólogo Benjamin Bloom, em que as raízes de vários artistas, atletas, músicos e cientistas renomados foram investigadas, mostrou que seus pais não sonhavam que seus filhos fossem grandes estrelas. Ao invés disso, eles respondiam à motivação intrínseca de seus filhos, incentivando-os quando eles demonstravam interesse por alguma habilidade. O mesmo aconteceu com pianistas reconhecidos – eles não tinham professores renomados desde cedo, suas primeiras aulas foram dadas por professores que moravam perto, mas que tornaram a aprendizagem divertida.
Mozart demonstrou interesse pela música muito antes de ter aulas de piano, não o contrário.
Malcolm Gladwell propôs uma nova perspectiva sobre “a regra das 10.000 horas”, sugerindo que o sucesso depende do tempo despendido com a prática. Mas duas questões foram negligenciadas:
- Será que a prática não pode nos cegar para maneiras de melhorar nossa área de estudo? Pesquisas sugerem que, quanto mais praticamos, mais nos tornamos presos em um modo de pensar.
- O que motiva as pessoas a praticarem uma habilidade por milhares de horas? A resposta é a paixão – que é descoberta por meio de uma curiosidade natural ou nutrida a partir de experiências agradáveis. As evidências mostram que as contribuições criativas dependem da amplitude, e não apenas da profundidade do conhecimento e da experiência.
Você não pode programar uma criança para ser criativa – se quiser que seus filhos tragam ideias revolucionárias para o mundo, deixe que eles sigam suas próprias paixões.
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