Criada por Emmi Pikler, a abordagem Pikler é uma metodologia da educação infantil que ressalta a criação do vínculo, a autonomia e o tempo de cada criança.
Existem diversos olhares sobre o desenvolvimento do bebê, principalmente nos primeiros três anos de vida. E, de fato, esses primeiros anos são essenciais para que o bebê se descubra como sujeito e para que as famílias também se entendam nesse novo papel, que é a extrema responsabilidade de criar e educar uma nova geração.
Os pais sempre desejam que seus bebês cresçam e se tornem pessoas saudáveis, felizes, responsáveis e realizadas – habilidades que serão nutridas no dia a dia, e que, muitas vezes, levantam inseguranças: será que o trabalho que está sendo feito de fato culminará nos tão esperados resultados?
Nesse momento, as famílias começam a adentrar as diferentes abordagens e conceitos que melhor combinam com seus estilos de vida, pensamentos e posturas. Uma dessas formas de pensar é a abordagem Pikler, que ressalta os vínculos da família com o bebê, a autonomia e o tempo de cada criança.
O que é a abordagem Pikler?
Emmi Pikler foi uma pediatra húngara, nascida em 1902, que dedicou sua vida ao cuidado de crianças. Uma das suas grandes contribuições foi a construção de um orfanato, ao final da segunda guerra mundial, pautado em conforto e segurança, para que as crianças pudessem crescer de forma saudável – apesar do momento histórico.
Esse orfanato, devido ao reconhecido trabalho, se transformou no Instituto Nacional de Metodologia para a Educação de Crianças de 0 a 3 anos. Suas bases para o atendimento eram segurança e respeito, alicerces que possibilitam que as crianças construam autonomia, através da liberdade e do apoio. Tais esforços deram origem ao que hoje conhecemos como abordagem Pikler.
Um olhar importante da abordagem é ressignificar o que esperamos do bebê; em geral, nos dirigimos ao bebê partindo do ponto do que ele ainda não realizou, por exemplo: “o bebê ainda não fala, ainda não rola, ainda não levanta a cabeça”. O convite da abordagem Pikler é observar o que o bebê já consegue fazer.
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Quais são os princípios da abordagem Pikler na educação infantil?
Os bebês realizam várias descobertas nos primeiro meses de vida: sobre si próprios, sobre o ambiente e sobre as pessoas; prestam atenção aos sons, cores, formas, texturas e sabores. Todos os momentos são de aprendizagem intensa. E cada bebê terá um tempo único para o seu desenvolvimento. Confira os princípios da abordagem Pikler:
Ambiente seguro
O que a abordagem pikleriana indica é criar um ambiente seguro, mas que proporcione a exploração do bebê, que ele possa ser atraído e brincar com os objetos, que ele se movimente a partir do que já compreendeu e sentiu vontade de realizar.
Imagine uma situação na qual os pais querem que o bebê aprenda a sentar. Pode ser que esses pais coloquem o bebê sentado várias vezes ao dia, para que ele treine essa posição. A abordagem Pikler sugere que esse aprendizado ocorra de outra forma, que seria permitir que o sentar ocorra de forma natural e, portanto, faça sentido para o bebê.
Em outras palavras, a sugestão é possibilitar um espaço seguro e as condições necessárias para que a prática dos movimentos seja natural e faça sentido para o bebê naquele momento, criando um ambiente no qual ele tenha que se impulsionar para pegar um objeto, até que então tenha a força motora para sentar e permanecer confortável na posição.
Vínculo e relações
Outros pontos primordiais da abordagem Pikler são o vínculo e as relações estáveis. O bebê precisa se sentir seguro e ter suas necessidades básicas atendidas. Todos esses momentos fazem parte da construção do vínculo afetivo e de novos aprendizados para o bebê.
Pikler convida os pais a interagirem e verbalizarem as atividades que realizarão no banho, nas refeições e em outros momentos do cotidiano, de forma que preparem o bebê para o que vai acontecer e que o convidem a participar delas. Conversar com o bebê e convidá-lo para as atividades é uma forma de ajudá-lo a entender sobre o seu papel naquele núcleo familiar e na sociedade.
Autonomia
A abordagem pikleriana convida as famílias a observarem e valorizarem a autonomia do bebê, habilidade que a cada dia se amplia, conforme o bebê vai desenvolvendo suas habilidades motoras, cognitivas e socioafetivas, possibilitando espaços para que ele possa usufruir de sua infância de forma a assimilar suas inúmeras possibilidades e tentar coisas novas a cada dia. E, principalmente, ter em seu cuidador apoio e suporte, além de um vínculo protetivo pautado em respeito pelo seu tempo de desenvolvimento e pelo indivíduo que o bebê já é.
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Nathalia Pontes é educadora certificada em Disciplina Positiva, psicopedagoga educacional, designer e Mestre em Psicologia da Educação pela PUC-SP. Escreveu e ilustrou quatro livros infantis, “O Menino que não tinha forma”, “O Caramujo e o Camaleão”, “Catarina” e “Como conheci Nhamun”, que debatem valores e comportamentos sociais. Nathalia tem dez anos de experiência em sala de aula e em projetos educacionais. Sua missão é levar desenvolvimento e alegria para a vida das pessoas por meio da educação.