Estimular a psicomotricidade da criança faz com que ela tenha mais consciência sobre seus movimentos, o que traz grandes benefícios para o seu desenvolvimento saudável.
O movimento é uma ação natural que realizamos, na maioria das vezes, de forma espontânea. Apesar disso, não é um processo simples, pois envolve não só a parte motora, mas também os aspectos cognitivos e até socioafetivos.
Desse modo, a psicomotricidade pode ser estimulada ainda na primeira infância, a fim de que a criança se desenvolva de forma integral. Assim, ela passa a entender não apenas a estruturação do próprio corpo, mas também o lugar que ocupa na natureza e na sociedade.
Quer compreender melhor qual é a importância do desenvolvimento motor, como estimulá-lo e qual é sua relação com o psiquismo? Então, continue a leitura!
O que é psicomotricidade?
De acordo com a Associação Brasileira de Psicomotricidade, a psicomotricidade é uma ciência transdisciplinar que investiga as influências recíprocas entre a motricidade e o psiquismo — isto é, aspectos mentais, incluindo fatores cognitivos e emocionais.
Assim, para a psicomotricidade, temos uma via de mão dupla: tanto os movimentos do corpo são responsáveis por promover o desenvolvimento socioafetivo e cognitivo, incluindo o autoconhecimento e a socialização, quanto o contrário também se dá e as funções psíquicas contribuem para o sistema motor.
Isso ocorre porque a realização de qualquer movimento envolve a nossa inteligência, tem uma intenção e expressa uma emoção. Dessa maneira, ao estimularmos a psicomotricidade, estamos educando os movimentos com e para o melhor uso das nossas capacidades cognitivas e socioafetivas.
É por isso que é fundamental que ela seja trabalhada na primeira infância: com um estímulo saudável à psicomotricidade, as crianças crescem mais conscientes em relação a seus movimentos e ao próprio corpo, entendendo também como se dá o seu relacionamento com o mundo externo.
Afinal, como as experiências mudam o cérebro do bebê?
Algumas de nossas características são pré-determinadas geneticamente. No entanto, os especialistas na Psicologia do Desenvolvimento concordam que os estímulos ambientais são responsáveis pela maior parte de quem somos, incluindo personalidade, gostos, comportamentos e até mesmo a aprendizagem motora.
Isso porque, na primeira infância, as crianças têm uma plasticidade cerebral incrível, o que quer dizer que os circuitos neuronais podem ser moldados e remoldados com eficiência e velocidade impressionantes.
É por esse motivo que crianças pequenas têm muita facilidade de aprender coisas novas, como idiomas. As atividades elétricas em cada circuito, devido a experiências sensoriais, motoras, cognitivas ou afetivas, moldam a “montagem” desse circuito.
Assim, todos os estímulos, o afeto responsável pela formação de um apego seguro, as interações e atividades são muito relevantes na configuração sináptica dos pequenos e, assim, pela sua formação como indivíduos.
Por que a psicomotricidade é importante para o desenvolvimento da criança?
Agora que você já sabe o que é psicomotricidade e qual é a relação entre cognição e movimento, já dá para imaginar como a terapia psicomotora é essencial para crianças com atrasos no desenvolvimento ou dificuldades de aprendizagem, não é? Contudo, ela pode ser trabalhada com todos os bebês e crianças.
Veja, a seguir, as habilidades que o estímulo ao movimento dos pequenos — e sua consciência em relação a isso — ajuda a desenvolver:
- coordenação motora global ou grossa — capacidade de usar vários grupos musculares ao mesmo tempo para realizar movimentos complexos e conscientes, como caminhar;
- coordenação motora fina — capacidade de usar os músculos das extremidades para realizar ações que envolvem precisão, como escrever e pegar objetos utilizando o movimento de pinça;
- consciência corporal — capacidade de entender o próprio corpo, suas possibilidades de movimento e sua relação com os outros corpos;
- autorreconhecimento — a partir da consciência corporal, é a capacidade de reconhecer seu corpo e sua individualidade, criando representações subconscientes de si essenciais para o desenvolvimento da personalidade;
- noção de espaço e de tempo — capacidade de orientar os próprios movimentos em determinado espaço e intervalo, por exemplo, na execução de movimentos rítmicos, como bater palmas;
- lateralidade — capacidade de utilizar os dois lados do corpo para realizar movimentos, como pular em um pé só tanto com a perna esquerda quanto com a direita;
- equilíbrio — capacidade de manter o corpo estabilizado e orientado para o centro, seja parada, seja em movimento.
Além disso, a psicomotricidade se relaciona à atenção, à concentração, à inteligência emocional, ao raciocínio lógico e até à comunicação. Em resumo, esses estímulos ajudam no desenvolvimento cognitivo e socioafetivo da criança.
Como estimular a psicomotricidade na educação infantil?
A escola trabalha a psicomotricidade em diferentes atividades para os pequenos, e um terapeuta psicomotricista pode tratar os casos em que eles apresentem atrasos ou dificuldades de aprendizagem.
No entanto, você também pode estimular o seu filho em casa, de um modo bastante lúdico, com brincadeiras e jogos. Essa é uma maneira de contribuir para o desenvolvimento saudável dele e ainda aproveitar bons momentos de diversão em família.
Confira abaixo algumas sugestões para cada fase!
De 4 a 6 meses
Por ainda serem bem pequenos, nessa fase, os bebês ainda não se reconhecem. Por isso, uma dica para estimular a psicomotricidade é colocar o seu filho em frente a um espelho, a uma curta distância, na qual ele consiga se ver por inteiro.
Sente-se com o seu pequeno e levante os braços dele apontando para o movimento do espelho. Você pode mostrar os pés, as mãos, os dedos, tudo de uma forma bem lúdica. É um exercício que vai ajudá-lo a reforçar sua consciência corporal.
De 7 a 9 meses
Nessa fase, o seu bebê está começando a engatinhar ou a se arrastar com a intenção de explorar o ambiente e, principalmente, de pegar objetos.
Então, você pode colocá-lo de bruços em um tapete de atividades e deixar um brinquedo do qual ele goste, de preferência um bem colorido ou musical, a uma pequena distância. A partir disso, você o incentiva a se movimentar para conseguir apanhar o brinquedo. É uma brincadeira que estimula a coordenação motora.
Seguindo essa mesma ideia, você também pode utilizar uma caixa de papelão aberta dos dois lados, para que funcione como um túnel: de um lado, coloque o brinquedo; do outro, o seu bebê. Ele terá que passar pelo túnel para conseguir aquilo que quer.
Aos 12 meses
Os pais podem utilizar brinquedos que tenham formas para encaixe e, assim, estimular o movimento de pinça e a coordenação motora fina. Dá para improvisar até mesmo com outros objetos: você pode entregar cotonetes para a criança colocar em um pote de plástico, por exemplo.
De 17 a 19 meses
É possível realizar diversas atividades, como colocar pequenas almofadas no chão como obstáculos para a criança andar, para que ela utilize o movimento como forma de transpor o desafio.
Um simples jogo de empilhar blocos também é bem-vindo, pois trabalha a verticalidade; e outra brincadeira em que ela tenha que abrir uma garrafa estimula a lateralidade e a coordenação motora fina.
Outra sugestão é brincar com massinha: a criança pode se divertir fazendo bolinhas ou outros formatos.
De 22 a 24 meses
Perto dos 2 anos, os pequenos já desenvolvem o equilíbrio, e a família pode estimular a psicomotricidade com brincadeiras de chutar uma bola ou arremessar objetos leves, por exemplo. Você pode improvisar uma caixa de papelão para ser o gol ou a cesta de basquete.
Podem parecer movimentos simples, mas eles trabalham a concentração, senso de direção, força e autoconsciência.
Aos 36 meses
Nessa fase, a dica é fazer atividades artísticas utilizando cartolina, giz de cera, lápis de cor, papéis, cola ou carimbos. A criança pode desenhar, pintar, rabiscar e fazer colagens de forma livre.
É um modo de estimular a concentração, a criatividade, a expressão das emoções e a coordenação motora fina.
Como escolher brinquedos adequados para o estímulo psicomotor?
Basicamente, todos os brinquedos e brincadeiras podem auxiliar na psicomotricidade infantil. Isso porque é por meio do brincar que as crianças se desenvolvem, aprendem, conhecem mais sobre si mesmas e começam a entender o mundo à sua volta.
Para incentivar esses benefícios e garantir que seu bebê tenha um desenvolvimento saudável em todos os aspectos, preste atenção à faixa etária recomendada na embalagem dos brinquedos. Esse é um cuidado fundamental para evitar acidentes.
Além disso, deixe seu pequeno livre para explorar. É muito saudável deixá-lo mexer com objetos diversos da casa, como tampas, caixinhas, vasos com terra, tecidos com texturas diferentes e tudo mais.
No entanto, supervisione sempre as aventuras dele e deixe fora do alcance materiais perigosos, como produtos de limpeza e objetos cortantes ou que possam ser engolidos.
Como a tecnologia pode auxiliar os pais nesse estímulo?
Para estimular a psicomotricidade na primeira infância, vale contar com a ajuda da tecnologia. Existem aplicativos criados para auxiliar as famílias a trabalharem as questões ligadas à psicomotricidade dos bebês e crianças, com instruções para atividades diárias e vídeos para cada fase.
Além disso, utilizar um aplicativo com atividades personalizadas para cada idade ajuda a acompanhar o desenvolvimento do seu bebê. Assim, você pode detectar atrasos ou qualquer comportamento atípico e conversar com o seu pediatra de confiança.
Gostou de conhecer a psicomotricidade e as maneiras de estimulá-la na infância? É possível trabalhar a motricidade de formas lúdicas e afetivas. Com isso, seu bebê passa a se reconhecer, ter consciência do seu corpo, das pessoas e do mundo à sua volta.
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